Acompanho o Sean Ellis e o Morgan Brown faz um tempo já mas confesso que esse livro não me atraiu em um primeiro momento. Me perguntava: Será que vale a pena ler?
Desde 2013 eu comecei a ler, estudar e participar de fóruns e grupos sobre Growth Hacking.
Vi essa atividade chegar no Brasil com força nos últimos anos.
Então, já tinha conhecido todos os exemplos mais clássicos quando se fala em Growth Hacking e já estava acostumado com as mesmas velhas histórias publicadas sobre hacks e como eles fizeram a empresa X explodir de alguma forma.
Com o passar do tempo estava tudo muito repetitivo. Pouca conversa crítica sobre a atividade e muitos hacks apenas.
Comecei a perceber também é que startups já mais consolidadas e empresas de tecnologia gigantes começaram a falar de times de growth e sobre Growth Marketing. O foco não estava mais nos hacks e no Growth Hacker solitário.
Todo esse contexto de movimento do mercado lá fora estava na minha cabeça quando vi que seria lançado o livro Hacking Growth - How Today’s Fastest-Growing Companies Drive Breakout Success.
Eu já havia lido o livro do Sean Ellis e Morgan Brown chamado Growth Engines - Case Studies of How Today’s Most Successful Startups Unlock Extraordinary Growth então pensava que poderia ser mais do mesmo o novo livro da dupla.
Não comprei durante a pré-venda que oferecia várias ofertas especiais. Estava muito caro. Mas um dia vi que estava em uma boa promoção da Amazon e resolvi comprar.
Quem deve ler esse livro?
Caso você já acompanha os autores e as comunidades e fóruns sobre Growth Hacking não vai ter muita coisa nova no que diz respeito de cases.
Os cases de Growth Hacking parece que sempre ficam ao redor do Dropbox, Hotmail, Airbnb e as empresas que o Sean e o Morgan se envolvem.
Então não espere muita coisa nova. Por esse fator eu diria: não compre se você já está familiarizado com essas histórias.
Por outro lado a divisão do livro e a maneira que eles apresentam a atividade de Growth Hacking é interessante.
Dividem os capítulos de uma forma lógica: montando o time, determinando se o produto é algo que as pessoas querem, identificando as motores de crescimento, criando um ambiente de testes, hacks de aquisição, hacks de ativação, hacks de retenção, hacks de monetização e criando um ciclo de crescimento.
A maneira que eles apresentam a atividade foca sempre nos times multi-disciplinares de Growth. No livro não tem espaço para o Growth Hacker solitário.
O que você precisa saber sobre o livro
O primeiro ponto tem que ficar claro é que Hacking Growth é um livro de Marketing. Todas as táticas lá são táticas exploradas pelo marketing.
A diferença é que cada empresa vai achar a maneira de executá-la que esteja de acordo com o seu negócio.
Quando estava na metade do livro isso ficou claro. Publiquei o seguinte no meu LinkedIn:
“Comecei a ler o livro Hacking Growth e percebi uma coisa.
Ele não é um livro sobre Growth Hacking, é um livro de Marketing.
Todos os conceitos de Marketing estão lá: canais, posicionamento, comunicação, distribuição, produto, entre outros.
Percebi também que trocar o termo “hacks” por “tactics” daria no mesmo.
Ali tem táticas de marketing.
Muitas delas e muitas bem interessantes.”
Inclusive ele fala um caso da P&G. Já havia lido sobre o caso daquele produto em um outro livro que nada tinha a ver com Growth Hacking. Além de ter certeza que na P&G não tinha ninguém pensando em hacks no caso do produto em questão.
Era simplesmente marketing puro.
Agora que você sabe que Hacking Growth é um livro de marketing o outro ponto que eu quero deixar claro pra você é que a todo momento os autores deixam claro que não existe bala de prata e que os hacks que servem em uma empresa não quer dizer que vai servir pra outra.
Um excelente conselho.
Por fim o terceiro ponto importante do livro e que está diretamente ligado ao fato de que cada empresa vai ter cenários únicos é que trabalhar com Growth, ser um Growth Hacker e estar em uma empresa focada no crescimento significa estar sempre testando.
Teste, teste e teste.
Resumindo o que você precisa saber:
- Hacking Growth é um livro de Marketing.
- Cada empresa vai ter que encontrar o seu motor de crescimento. Não existe bala de prata.
- Seu crescimento estará muito ligado a capacidade de implementar testes e ir buscando as táticas e atividades que dão maior retorno.
Por que eu disse que é a opinião mais sincera do livro?
Como eu disse acompanho comunidades e profissionais de Growth Hacking faz um bom tempo. Uns 5 anos, mais ou menos.
Vi nesse tempo que profissionais que se posicionam como Growth Hackers tendem a considerar tudo como um hack. Algo místico quase.
Muitos desse profissionais são consultores e dependem da mística como se fosse uma atividade nova e diferente para poder se diferenciar no mercado.
Eu tenho uma formação em Administração de Empresas com foco em Marketing. Já li, estudei e pratiquei Marketing muito. E, tirando as táticas, a parte que sustenta o Growth Hacking é algo que os profissionais de Marketing conhecem muito bem.
Tentam te contar a história que Marketing não é analítico e não tem no DNA criar testes, otimizar campanhas e tentar formas novas de chamar a atenção e gerar receita e crescimento. Isso está longe de ser verdade.
Livros dos anos 60, 70, 80 e 90, bem antes dessa explosão de tecnologia já tratavam do Marketing com esse foco. Falando em base de dados. Falando em otimização de campanhas. Falando em testar canais. Falando em fazer ações disruptivas que chamaria a atenção com um custo bem inferior as tradicionais.
Minha única motivação é valorizar a atividade de Marketing. Não é desmerecer o Growth Hacking.
É tentar trazer pra mesa a conversa de que a base das atividades é a mesma, o que mudam são as táticas.
Novas tecnologias geram novas ideias. Novas pessoas envolvidas no marketing das empresas geram novos caminhos.
Isso é totalmente a proposta do Marketing.
Existe uma frase clássica que diz que o Marketing é muito importante para se estar preso a um departamento dentro de uma empresa.
Toda empresa deveria fazer Marketing. O que é isso além de falar que Marketing é multi-disciplinar?
Se o Marketing ganhou fama de ser gastador e difícil de gerar retorno é muito culpa das próprias empresas que estruturam sua área de Marketing muitas vezes sem pensar estratégicamente.
Muitas vezes é subutilizada e, por própria cultura da empresa, é uma área que vai focar só na marca. Só em atividades que são por natureza difíceis de medir.
É uma ilusão achar que tudo pode ser medido na ponta do lápis. E mesmo muitas atividades que se pode medir podem ter problemas de amostra, de interpretação dos dados, das estatísticas e de vieses dos próprios avaliadores.
Recomendo a leitura do livro?
Sim, recomendo.
Mas leve em conta o que eu falei durante esse meu texto. Leia e avalie o que você acha.